Quando falamos sobre a predisposição genética ao câncer de mama, a primeira associação que geralmente vem à mente são os genes BRCA1 e BRCA2. No entanto, a Oncogenética moderna revela que o risco hereditário é muito mais complexo, envolvendo um painel de outros genes que, individualmente ou em conjunto, aumentam a chance de desenvolver a doença.

Conhecer esses "outros genes" é fundamental para uma avaliação de risco precisa e para um plano de rastreamento verdadeiramente personalizado.

🧬 Os Coadjuvantes Essenciais na Predisposição

Os testes genéticos atuais (painéis multigênicos) buscam mutações em dezenas de genes. A identificação de uma mutação em um desses genes pode indicar diferentes níveis de risco e requerer planos de prevenção distintos.

Aqui estão alguns dos genes mais importantes, além dos BRCA, associados ao câncer de mama:

1. PALB2 (Partner and Localizer of BRCA2)

  • Função: Trabalha diretamente com o BRCA2 no reparo do DNA.

  • Associação: Mutações no PALB2 conferem um risco de câncer de mama comparável ao do BRCA2, e também estão ligadas ao câncer de pâncreas.

2. CHEK2 (Checkpoint Kinase 2)

  • Função: É responsável por interromper o ciclo celular (checkpoint) para permitir o reparo do DNA danificado antes que a célula se divida.

  • Associação: Mutações em CHEK2 (particularmente em sua forma incompleta ou "truncada") elevam o risco de câncer de mama e, em menor grau, de câncer colorretal e próstata. O risco associado é geralmente moderado.

3. ATM (Ataxia Telangiectasia Mutated)

  • Função: Um gene central no reparo do DNA e na resposta ao dano celular.

  • Associação: Mutações no ATM aumentam o risco de câncer de mama (especialmente bilateral), e há uma associação potencial com câncer de pâncreas e próstata. O risco é considerado moderado.

4. Genes de Síndromes Raras com Alto Risco de Mama

  • TP53 (Síndrome de Li-Fraumeni): Mutações neste gene conferem um risco de câncer de mama extremamente alto, frequentemente diagnosticado em idade jovem, e aumentam o risco de múltiplos outros cânceres (sarcoma, tumores cerebrais, adrenal, etc.).

  • PTEN (Síndrome de Cowden): Aumenta o risco de câncer de mama, tireoide e endométrio, e é frequentemente associado a achados benignos, como pólipos e lesões de pele.

  • CDH1 (Câncer Gástrico Difuso Hereditário): Embora seja mais conhecido pelo risco de câncer gástrico, mutações neste gene também elevam o risco de câncer de mama lobular invasivo.

Por que os Painéis Multigênicos São a Norma?

A complexidade das síndromes genéticas e a sobreposição dos riscos justificam o uso de Painéis Multigênicos na avaliação oncogenética. Em vez de testar apenas o BRCA1/2, o painel avalia simultaneamente todos esses genes e muitos outros.

Isso é crucial porque:

  1. A História Familiar pode ser Enganosa: Nem sempre o histórico familiar se encaixa perfeitamente nas diretrizes de BRCA. Outros genes podem ser responsáveis pelo padrão de câncer familiar.

  2. Risco Oculto: O paciente pode ter um risco significativo devido a um gene moderado (CHEK2ATM) que passaria despercebido em um teste limitado.

  3. Manejo Diferente: Cada gene está associado a um plano de rastreamento e prevenção diferente, ou a um risco para outros órgãos que precisam ser monitorados.

Conclusão:

Saber que o risco de câncer de mama é multifatorial e envolve muitos genes além dos BRCA é o primeiro passo para uma medicina de precisão. Se você tem um histórico familiar significativo, o Oncogeneticista pode solicitar o painel multigênico adequado para entender seu mapa genético completo e construir o melhor caminho para a sua prevenção.


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